Mulheres de Atitude: Dona Canô Veloso

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Olá, meninas,

Senti muita vontade de falar da dona Canô aqui.  Aliás, vou manter essa Tag “Mulheres de Atitude”, porque percebo que cada vez mais precisamos desses referenciais. Num tempo onde a maioria das mulheres possuem rostos plastificados e recheados de botox, olhar uma senhoracom cara e postura de senhora, me deixa muito feliz.
Não estou dizendo que temos que  ser descuidadas com a aparência.  Temos sim, que ter sempre cuidados com o nosso corpo. Mas precisamos ter identidade própria e encontrar do outro lado do espelho, alguém real, que não seja uma caricatura de si mesmo.  O tempo passa pra todos, e sábios são aqueles que enxergam nessa passagem do tempo, a oportunidade de se tornarem melhores em tudo.
Dona Canô, por nascimento  Claudionor Viana Telles Velloso (com dois ll mesmo) Tem uma vida simples na pacata cidade de Santo Amaro da Purificação. Nem mesmo o fato de ter dois filhos famosos, Caetano Veloso e Maria Bethânia, retirou dela a simpatia e  amor pelas coisas simples da vida.   Ela já foi reverenciada por atistas, políticos e intelectuais de todas as esferas, mas diz não entender o porquê de tantas homenagens, pois se julga uma mulher comum, que apenas tem uma história de vida onde constam 10 figuras muito especiais: ela, seu marido (já falecido), e seus oito filhos.

Apesar de vir de origem muito humilde, dona Canô teve acesso a três itens fudamentais: teatro, música e poesia. Diz que nunca deixou de ler, e até hoje, sempre está envolvida com a leitura, seja ela de que forma for.  Diz gostar de ler jornais, revistas, livros e poesias.  O sobrado branco de janelas azuis, guarda muito mais do que apenas seus cento e poucos anos de vida. Guarda toda a história de alguém que criou com dignidade seus filhos, e teve desde sempre, orgulho de toda a sua prole.  Em nenhum momento a percebemos deslumbrada pelos filhos mais famosos, mas numa rápida conversa, pode-se notar que ela ressalta as qualidades de cada filho, mostrando num largo sorriso, como cada um deles é especial.
Ela confessa comer muito pouco, mas come de tudo e com horários marcados.  Não janta, mas toma muito suco de frutas, leite e adora frutos do mar e azeite de dendê.  Ao que parece, a vida simples, com alimentos caseiros, longe da industrialização a que somos submetidos todos os dias, lhe fez muito bem.  Pois mais do que apenas estar bem fisicamente, dona Canô se encontra bem de alma, de intelecto.  Mente ativa e ágil, mesmo quando os passos não apresentam mais tanta agilidade. E por falar nisso, com medo de quedas, ela fica a maior parte do tempo sentada ou deitada. E quando deseja, se debruça sobre uma das janelas do casarão para ver  vida passar nos passos de crianças, moças, moços, senhoras e senhores da pequena cidade.
Embalada pelas lembranças de toda uma vida vivida em prol da família, dona Canô é o exemplo de vó que todos nós gostaríamos de ter. Zelosa, cuidadosa, carinhosa e amiga, a própria imagem do bem querer.  Vendo o sorriso dela nesta foto, fico imaginando como algumas mulheres hoje em dia tem se perdido na busca de uma vida mais interessante. A que preço conseguimos mostrar que somos independentes, inteligentes, poderosas  e vitaminadas?  Sacrificando alguns valores tão necessários ao nosso próprio bem estar e equilíbrio.  Não falo por falso moralismo, mas por uma vontade de encontrar mais mulheres verdadeiramente de atitude pelas ruas.  Mulheres que sabem lutar pelos seus direitos, sem abrir mão dos seus sonhos. Que sabem ser trabalhadoras, sem perder a ternura. E que querem ser amadas, mas antes de tudo sabem o que é o amor.
Que sejamos assim.  Que saibamos envelhecer e desfilar (por que não?), com nossas ruguinhas com contentamento. Afinal, não há nada de errado em ficar mais velha.  O erro todo, é abraçar a juventude como se ela fosse eterna e apegar-se apenas ao que é material e visível, como se isso fosse totalmente indispensável. A beleza da vida, está em abraçar e aceitar cada fase dela. Em se reconhecer como pessoa e ser humano capaz de transmitir coisas boas, para todos que cruzem nosso caminho.  É ser referência quando o assunto é respeito, dignidade e amor.
Vou ficando por aqui.  O texto ficou longo, mas estou inspirada.  
Espero que tenham gostado.
Beijos

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