Olá, meninas,

Até pouco tempo atrás, eu era uma pessoa que não assistia TV. Isso mesmo, não via televisão! Contrariando meu histórico de ter crescido de frente para a telinha, por conta da internet, eu acabei me tornando um ser que não assistia mais TV. O aparelho que antes ficava no meu quarto, foi gentilmente colocado na cozinha e lá, estava completamente abandonado, pois ninguém ligava. Eu não estava assistindo sequer a programação da TV paga, que para mim, se tornou apenas mais um item em casa. Mas foi no twitter, vendo o povo falando de vários programas daTV (a maioria aberta) que algo dentro de mim apitou e eu me vi como um tipo de E.T. pois sequer conhecia os nomes dos principais personagens da novela das 8 (que agora passaàs 9). Pequei a TV da cozinha e recoloquei no quarto e recomeçou tudo de novo. A maioria das vezes, eu estou no computador e deixo a TV ligada mas não vejo, só ouço. Quando sinto que o programa é um pouco mais interessante, eu assisto de fato. E foi numa dessas assistidas, que eu vi a chamada do programa “Mulheres Ricas” da Band, cuja proposta é mostrar a rotina, o dia à dia de cinco mulheres ricas. As “escolhidas” são: Brunete Fraccaroli, arquiteta, Débora Rodrigues, piloto de Fórmula Truck, Lydia Sayeg, Joalheira,  Narcisa Tamborideguy, socialite e Val Marchiori, empresária, deram um show de breguice e cafonice, aliadas à total falta de bom senso e inteligência. A bem da verdade, Débora Rodrigues me pareceu ser a mais sensata, até por conta do seu passado de sem terra e toda a superação que houve em sua vida, ela é a mais “pé no chão”. Mas acabo colocando-a também no mesmo “bolo”, simplesmente por ter aceito participar de algo tão patético e sem sentido.

A atração vai ao ar pela Band todas as segunda-feiras à partir das 22:20 hs e ainda é reprisada no domingo. Por isso se você perdeu essa atração “maravilhosa” ainda dá tempo de assistir e tirar suas próprias conclusões. O que me deixou realmente chateada, não é o fato delas terem dinheiro, até porque se ninguém deve sofrer preconceito por não ter dinheiro, não vejo porquê desqualificar alguém por tê-lo. O problema ali, é que ao contrário do que elas esperavam, não foram vistas como exemplo, ou mesmo foram invejadas por ninguém, pois a mais sofrida das trabalhadoras, que ganha seu salário mínimo, não consegue imaginar isso como sendo correto e digno. A começar que não são meninas. São todas mulheres que mesmo mentindo a idade (como no caso da Brunete que insiste em dizer que tem quarenta e poucos)  e por conta disso, esperava-se que tivessem atitudes mais condizentes com a sua idade. As declarações delas, merecem ser registradas para a posteridade, pois é algo que beira a doença: Val ao escolher seu novo avião avaliado em trinta milhões de reais, dispara: “É tão bom fazer comprinhas, né?”, Brunete em tom definitivo comenta: “Eu não poderia viver sem tomar água Perrier todos os dias.” Lydia dispara: ” Eu acho que todo mundo tem que almejar ser rico.” Narcisa confessa: “Eu não sou uma pessoa normal… assim, como eu poderia ser?” E a declaração que salvou a noite, foi a da Débora que decretou: “Comigo não tem esse negócio de champanhe às dez da manhã.”

Analisando as frases acima, gostaria de fazer alguns comentários. A respeito da Val Marchiori, eu nem preciso dizer nada, porque uma consulta no Google, já lhes mostrará um recente escândalo que explica de onde vem o seu tão “suado dinheirinho”. Dito isso, prefiro não dizer mais nada! Brunete Fraccaroli, precisa entender que sobreviveria SIM sem beber sua tão idolatrada-salve-salve água Perrier, porque a maioria da população brasileira, sequer tem água encanada em sua casa, e ainda assim, continua sobrevivendo. Portanto, ainda que tomasse água de poço, não viria a falecer, como ela ingenuamente deve imaginar. Lydia Sayed precisa entender que ser rico não deve ser o objetivo de vida de ninguém, mas ser feliz! Eu sei que o dinheiro ajuda (e muito) nesse processo de felicidade, mas existe muita gente rica que não vê sentido em nada e passa seus dias preocupada em como não perder seu dinheiro. Resultado: vive infeliz!  A Narcisa a gente sabe realmente que não é normal, mas nunca nos incomodamos com isso, e a Débora Rodrigues demostrou que mereceu ter melhorado de vida, aliás, nunca saberei o que ela havia tomado de alucinógeno que permitiu que aceitasse participar dessa galhofada!

Não vamos levar em conta como cada uma conseguiu a sua fortuna, e vamos nos ater ao fato de que hoje, pelo menos três delas, tem uma profissão definida (Brunete, Lydia e Débora), e as que não tem, não são incapazes de exercer algo produtivo. Fico aqui pensando que nós mulheres lutamos tanto para modificarmos a imagem que o mundo tinha à nosso respeito, para provarmos nosso real valor, que não podemos deixar que imaginem que uma vez vitoriosas e com dinheiro, nos transformemos no que essas senhoras sem noção tem nos mostrado. Outro fato importante que eu não pude deixar de notar, é o modo nada “gentil” que elas tratam seus funcionários. Faço questão de esclarecer, que não vejo problema algum na Val ter um cabeleireiro/maquiador full time, pois há quem precise do profissional, e há quem precise trabalhar.  O que incomoda, é a forma com que ela se infantiliza e joga coisas no moço, que parece mesmo estar constrangido ao ver que sua rotina patética ao lado da “ama” estará sendo vista em rede nacional. Da mesma forma, a Brunete falando para seu “lacaio” que ele tinha porque tinha que encontrar sua Bárbie, e se não a encontrasse, não iria para a faculdade. Imaginem que essa senhora tem uma boneca feita à sua imagem e semelhança, com roupinha igual e tudo (também não vejo problemas nisso), e não aguentaria ficar distante dela, tendo que inclusive, fazer com que o funcionário não compareça à aula, sobre ameaças diversas.

Eu poderia falar do programa  por horas, escrever um blog inteiro só falando disso, mas não vejo necessidade para tal. Acredito que quando algo não nos agrada na TV ou em qualquer outro meio de comunicação, temos que expressar nossa indignação. Nunca se esqueçam que por mais rico que qualquer um seja, NINGUÉM pode se dizer dono de um canal de televisão. Os canais são concessões do Governo Federal, à pessoas/instituições, que demostraram interesse em levar cultura e informação ao povo, de forma digna. A Band em todos os seus anos de vida, se superou ao apresentar algo do gênero, pois o programa para ser chamado de ruim, deveria melhorar em muito. Da forma que está, recebe simplesmente o nome de bizarro. O fato é que nem elas mesmas se entendem, pois já estão trocando farpas de todos os tipos e “elogios” dos mais variados: “maluca, carente, pobre, falida” são apenas alguns dos adjetivos que essas tão nobres mulheres tem trocado entre si. E antes que digam que isso tudo que estou falando é “picuinha” de pobre que não admite que o outro seja rico, deixo claro que as mulheres ricas deveriam se mobilizar para tirar essa porcaria do ar, porque elas foram as mais ofendidas. Existem sim, mulheres ricas que são inteligentes, humanas, amigas, íntegras e que conseguem levar a sua vida em meio à riqueza, sem tirar os pés do chão e sem humilhar as pessoas, e não são poucas! Faço questão de me lembrar inclusive, de duas que até já partiram, mas que sempre deram um exemplo de humanidade: Lady Di e Dona Ruth Cardoso. E entre as vivas, posso destacar uma que admiro muito, pela forma que conduziu a sua vida: Marília Gabriela.

Eu sei que a vida está ficando cada vez mais complicada, mas não consigo me acostumar com certas coisas, ou ver como normal algo que é totalmente estranho e avarento. Não acredito que no íntimo, essas mulheres consigam deitar em suas camas e estar em paz consigo mesmas, porque só mesmo uma infelicidade muito grande, para justificar essa necessidade enorme de se preencher a vida com toda essa “alegria” por ter dinheiro. Nada me convence de que não são pessoas doentes e desequilibradas, que ao invés de aproveitarem a oportunidade de viverem bem com as dádivas que lhe foram concedidas, perdem seu tempo sendo inúteis e sem sentido.  Não tem a menor graça para mim, passar pela vida sem me sentir sendo útil ao próximo, sem fazer algo de real e verdadeiro que consiga impactar a vida das pessoas, e sem saber o verdadeiro valor de um sorriso. A despeito de tudo que foi mostrado nesse primeiro programa, e que certamente será mostrado nos próximos, posso dizer com certeza, de que nenhuma delas é mais rica do que eu! E tenho dito!

Um beijo,  minhas riquezas!