Hoje é o Dia da Consciência Negra, e chega até a ser engraçado, porque de fato, nem era para existir um dia em que se tivesse que ter consciência desta ou daquela raça. Afinal, nós brasileiros, somos a união, a mistura de várias raças. E dentro do contexto da história da humanidade, separar e classificar as pessoas por raças e etnias, nunca terminou bem, pelo contrário, trouxe muita dor em guerras sem fim, que roubaram a alegria e a vida de muitos. Nunca vou entender porque existe tanto preconceito, ainda hoje, quando temos tanto conhecimento e temos acesso à tantas coisas. Ainda somos julgados pela nossa aparência, pela nossa cor da pele e principalmente, pelo nosso poder econômico. Deixo isso claro, porque um negro que tenha poder, status e dinheiro, deixa até de ser visto como negro. Ganha uma posição “privilegiada” e pode até, quem diria, olhar para os brancos como iguais (contem ironia). Muita gente insiste em dizer que o preconceito que tanto falamos, é invenção da nossa cabeça, que o preconceito não existe mais, que é coisa do passado. Mas quem vive do lado de cá da questão, sabe que ele é real e tem uma força muito grande, ainda hoje. É claro que mesmo sabendo disso, não devemos (nunca) aceitar e muito menos nos curvarmos diante dele. Aliás, a forma mais correta de convivermos com isso, é dando sempre o nosso melhor, não como negros, mas como seres humanos que somos. A vida passa muito rápido, e se formos nos abater por todas as injustiças que existem no mundo, passaremos por ela sem aproveitar nada. E aproveitar a vida, muito mais do que apenas nos divertirmos, cantando, dançando, viajando e curtindo, é deixar nossa marca impressa, para que os outros que virão depois de nós, entendam o quanto fizemos sentido. Felizmente temos hoje vários exemplos de negros que se destacaram por ações nobres e por terem carreiras sólidas e reconhecidamente vitoriosas: Barack Obama e o ministro Joaquim Barbosa, são dois que constam na minha lista, logo no comecinho. Mas tem muito mais gente, de várias outras áreas, cantores, apresentadores, repórteres, médicos, escritores… Existem exemplos e inspirações vindos de todos os lados, e isso me faz pensar que apesar de tudo, essa luta tem valido a pena.
Que possamos ensinar as nossas crianças a importância do amor ao próximo e o respeito às diferenças, sejam elas físicas, ideológicas, religiosas, econômicas, sociais, e de quaisquer natureza que forem. Que possam existir muito mais motivos para sorrir do que chorar. Eu quero crer, que num futuro próximo, negros e brancos terão as mesmas oportunidades e lutarão não contra si, mas contra as injustiças que ainda possam existir no nosso planeta. Hoje, temos a responsabilidade de deixar claro o quanto nos amamos e nos valorizamos como indivíduos e cidadães. O quanto nos sentimos produtivos, talentosos e significativos. Mas que seja um ato de libertação, e não de amarras, como temos visto. Em vários momentos falam que os negros são descendentes de escravos, mas como já foi falado antes, não descendemos de escravos, mas de seres humanos que foram escravizados. E que não existam também, estereótipos mostrando como devemos ser e viver. Eu mesma, já ouvi algumas vezes, que não deveria usar alongamento de cabelos lisos, porque isso é negar a minha negritude e renegar minhas raízes ancestrais. Todos temos o direito de nos apresentamos da forma que mais nos agrada e nos deixa confortável. O fato de uma negra usar cabelos lisos, não significa que ela esteja renegando nada, ou dando as costas a coisa alguma. Temos o direito de usar cabelos lisos, cacheados, modificados quimicamente, pintados de todas as cores, enfim, temos o direito de ser quem somos. Quem delimita geralmente oprime e a opressão não é bem vinda, em momento algum, porque ela significa retrocesso. A beleza se mostra e se expressa em múltiplas formas, e nos deixa mais do que claro, que independentemente de qualquer coisa, todos nós merecemos respeito!
Podemos ter várias formas, mas ainda assim, todos fomos criados pelo mesmo Deus, que quando nos vê, nos enxerga com amor e totalmente longe dos olhos do preconceito!
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