Eu sei, o título soa meio sensacionalista, mas eu queria que tivesse impacto mesmo, e se você chegou aqui por causa dele, aproveita e leia a matéria até o fim. Mas devo confessar que de certa forma o título tem tudo à ver com o que realmente aconteceu comigo nos últimos anos, a moda salvou minha vida. Na correria de sempre, entre querer algo e lutar para alcançar, estamos sempre preocupados em nos encaixar em alguma coisa, em fazer parte de algo, em sermos aceitos. E essa necessidade de aceitação é uma coisa tão doida, que a gente por vezes acredita que primeiro deve ser aceito pelos outros, para depois começar a aceitar a si mesmo. Comigo foi assim, e com um monte de gente também é, infelizmente.
A parte boa é que um dia as coisas começam a mudar, e a gente finalmente compreende que não precisa se adequar nem à nada e nem à ninguém, mas deve simplesmente respeitar a essência de quem somos, e o corpo que temos, pois ele é na verdade um grande presente. Passei uma adolescência punk, me achando o ser humano mais inadequado da face da Terra, olhando pra TV e para as revistas, sem conseguir ver ninguém que fosse sequer, parecido comigo. Aproveito para dizer o quanto a representatividade que temos nos dias de hoje nos grandes veículos de mídia é importante, pois se tendo esses referenciais já é difícil hoje em dia, imaginem na minha época em que não tínhamos nada.
E quando falo nada, é nada mesmo! Porque era uma total falta de informação, em meio a conceitos tão erradamente construídos, e foi ali, no meio daquela enxurrada de incertezas, que eu tive que ir firmando as minhas próprias verdades. Assumo que errei muito, errei feio em vários momentos, mas tudo o que fiz, foi meio que tateando, sem ter direcionamento algum, vivendo apenas os dias considerados “normais” para uma jovem fora dos padrões. Também tiver acertos e esses, me ajudaram muito a ir galgando posições e moldando a minha personalidade à fim de me deixar cada dia mais forte.
E eu sempre gostei de moda, desde que me entendo por gente. Mas até outro dia era tudo tão caro e tão inacessível, que a gente meio que usava o que dava pra usar, e consumia o que estava ao nosso alcance. Hoje apesar das coisas ainda serem caras em determinadas lojas, existe uma democratização da moda, ou seja, nas lojas do Shopping Leblon, ou nos camelôs de Madureira, a gente pode descobrir exatamente o que está em alta, porque as tendências do momento, estão mais do que explícitas nesses polos tão antagônicos e tão distintos. Mas devemos isso muito a globalização, a internet, a essa facilidade de circulação de informações e como todo o planeta consegue se falar praticamente em tempo real. Modernidade que chama? Acho que é isso,
Mas voltemos à minha história, já tinha passado a adolescência, já estava em idade adulta, mas por que algumas inseguranças que tinham que ter ficado lá atrás, continuavam grudadas em mim? Coisa estranha a gente ir ficando mais velha, ir amadurecendo em vários aspectos, mas se sentir fragilidade em tantos outros. Será que dá pra mudar isso? Tomara que dê, porque vou dar um jeito de ajeitar as coisas por aqui. E foi assim que eu fui me moldando, numa jornada solitária onde eu era testada todos os dias por mim mesma, e fui aprendendo a entender cada pedacinho de mim, a me aceitar por completo. Fui aos poucos descobrindo o quanto eu era interessante, especial, inteligente bonita.
Se alguém me perguntar se foi um caminho fácil eu vou dizer que nem de longe foi, mas passado todo o turbilhão, só posso dizer que sou eternamente grata por toda a aprendizagem, e a moda de fato salvou minha vida não quando ela se impôs sobre mim e sobre a minha realidade, mas quando ela acenou firmemente, me mostrando múltiplas possibilidades. Se te aprisiona, se te constrange, se te diminui, se te deprime, se te menospreza, se te exclui, não é moda, é consumo e capitalismo. Porque a moda abraça a diversidade, respeita as individualidades e está sempre disposta a respeitar todos os corpos, todas as vontades e todos os estilos. E foi assim que há oito anos esse blog nasceu, com a intenção de compartilhar experiências e mostrar à quem quisesse embarcar nessa viagem comigo, que o sorriso no rosto e a confiança no coração, são os acessórios que tornam qualquer look poderoso.
Pode parecer um amontoado de palavras, uma singularidade de pequenas coisas significantes, mas são fatos que me ensinaram a ter um novo olhar sobre o mundo, mas acima de tudo, sobre mim mesma. Hoje, celebro a minha existência em toda e qualquer oportunidade e aprendi (finalmente) que ser feliz, é muito mais uma escolha, do que qualquer outra coisa. Altos e baixos fazem parte, mas cabe à nós decidirmos como lidaremos com isso, e como faremos para nos manter firmes no meio de uma vida que nem sempre é só flores, mas rodeada de problemas. Aquela vidinha perfeitinha do Instagram? Nunca tive! Por aqui é a zoeira do dia à dia, e a realidade que me mostra que as coisas não precisam estar num padrão para conseguirem ser especiais e nos satisfazerem por completo.
E a moda que eu digo que me salvou é essa, que me permite ser o que eu quiser, na hora em que sentir vontade. Seja de cabelos escuros ou mesmo loira, com um look casual, ou mesmo algo totalmente inusitado. Tudo me é permitido no que diz respeito ao estilo que escolho, os looks que quero criar, e a forma que escolho para me comunicar com o mundo. Posso tudo, e todas as coisas se abrem e me mostram que apesar de todas as imperfeições, eu sempre fui perfeita (da cabeça aos pés), só não tinha consciência disso. Mas depois que descobri a força de ser quem eu sou, nunca mais desejei ser outra pessoa.
Desejo de coração, que cada um de vocês se encontre, que se amem, e escolham sempre o caminho que os fará cada dia mais felizes.
Dá certo, vai por mim!
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