Estava para escrever esse post desde o momento em que vi as fotos da Ju Romano circulando na internet toda, mas queria fazer isso com calma, com tempo, colocando as palavras certas, para que o meu ponto de vista realmente fosse entendido. Como minha vida tem sido mais do que corrida, só deu para sentar e escrever agora, então vamos lá. Quando vi as fotos liberadas pela própria Ju Romano no seu facebook, pensei logo de cara na repercussão que elas causariam na rede, e foi exatamente isso que aconteceu, pois vários veículos noticiaram o feito e emitiram seus comentários. A maioria, felizmente, fez comentários à favor, mas teve quem fizesse comentários maldosos e recheados de preconceito, ajudando a aumentar ainda mais a gordofobia. É claro que todo mundo pode ter o seu ponto de vista, mas a forma como algumas pessoas falam, soa ofensivo e totalmente fora de propósito, e em alguns momentos, imagino que tem muita gente que se acha acima do bem e do mal, podendo falar mal de todo mundo, se esquecendo dos seus próprios defeitos. Eu posso dizer que tem coisas que eu não gostei nessas fotos, e essas coisas, se eu pudesse, mudaria urgentemente, vou explicar. Ter uma plus size estampando a capa de uma publicação tão importante como a Elle Brasil, é realmente um acontecimento, e ela está lá por mérito, pelo trabalho que já faz há anos. E eu já admirava o trabalho dessa menina há tempos, há anos atrás, e já havia até feito um post no blog falando sobre ela, é só clicar aqui e ler. Também já falei da sua linda coleção para a Xica Vaidosa, nesse post aqui. Enfim, se ela conquistou essa capa, foi porque mereceu. Mas eu senti falta de um certo glamour, de um certo ar de poder e força mais impactantes nas fotos. Queria ter visto um cabelão solto, como geralmente fazem com as famosas nas capas de revistas, aquele cabelo que foi escovado, enrolado em bobs altos, feito babyliss, essas coisas que deixam ele com mais volume. Senti falta de um olhar mais penetrante, de algo que mostrasse o quanto ela está se sentindo linda e maravilhosa. Também senti falta de uma make baphônica. Senti falta de jóias grandes e chamativas, e poderiam ser desde um par de brincos, um colar ou mesmo um anel com uma pedra bem grande. Senti falta de unhas vermelhas ou em tons de vinho, da mesma forma que senti falta de um casaco mais glamouroso. Tenho que confessar que não gostei do sapato, e também não achei legal a pose. A pose, aliás, não a beneficiou em nada, pois qualquer mulher que pesasse até 20 quilos à menos do que ela pesa, nessa pose ficaria com os pneuzinhos todos à mostra. Não é questão somente de peso, pensem bem, é a pose!
Antes que falem que eu sou chata demais, eu explico, é que a Ju Romano é bem mais bonita do que saiu nessa capa, ela é muito mais bonita pessoalmente e até nas fotos que ela posta, mesmo sem efeito algum, no seu blog. Tem um sorriso lindo e isso poderia ter sido aproveitado. O grande problema, que é a capa, por mais libertária que seja, ainda está muito além de quem ela realmente é, e poderia ter sido bem mais elaborada e mais bonita. E quando falo em elaborada, não estou dizendo que deveria vir cheia de retoques, porque parece que esse povo que trabalha com edição, não sabe trabalhar com corpos plus size, pois em vários momentos em que vão mexer nas imagens de alguma gordinha, acabam deixando-a totalmente diferente e descaracterizada (quem não se lembra das fotos da Preta Gil para a divulgação da sua coleção pela C&A?). Enfim, eu queria mais poder nessa capa, mais sensualidade e muito mais força, porque certamente, essas coisas são importantes na nossa busca pelo referencial da real beleza da mulher brasileira.
Mas apesar disso tudo, existe uma coisa maior do que qualquer detalhe que eu tenha descrito acima: essa capa, foi um divisor de águas com relação ao preconceito. Porque o que percebemos no Brasil, é que até as mulheres que fogem ao (maldito) padrão estético pré estabelecido, insistem em se ver representadas por pessoas que nada tem a ver com elas, quando na verdade, o que nos representa de fato, são as mulheres da vida real, as pessoas comuns, que tem falhas, defeitos, pneuzinhos, gordurinhas, estrias e celulites, em maior ou menor grau. Toda mulher tem seus defeitos e negar isso, é negar-se à si mesma! Ando meio cansada de ver sempre mais do mesmo na TV, nas revistas ou bombando na internet, o fato é que por mais que a gente diga que existe luta, parece que essa luta em vários momentos é apenas imaginária, porque quando uma mulher “normal” posta uma foto de short, de biquini na praia nas redes sociais, em vários momentos recebe críticas. Eu poderia citar vários casos que tem acontecido com várias mulheres ultimamente, mas vocês mesmos podem começar a puxar pela memória, o quanto as mulheres “normais” são ridicularizadas por serem quem são e por não se sentirem menores por conta disso. Existe uma multidão de gente sem amor e sem coração, que tem prazer em deixar comentários preconceituosos em postagens nas redes sociais, em blogs e até mesmo, repassar essas fotos para fóruns, comunidades e páginas, que tem como objetivo, ridicularizar essas pessoas e tratá-las com lixo! Por mais louco que isso pareça, isso é real, e ver uma Ju Romano semi nua na capa da Elle Brasil, de alguma forma, muda muita coisa dentro do cenário da moda e beleza, por mais que alguns tentem negar isso.
O fato é que eu fiquei super feliz ao perceber, que as coisas que eu não gostei na capa, são coisas que em nada tem a ver com o tamanho e o manequim da Ju Romano, porque eu poderia não ter gostado dessas mesmas coisas, na capa de uma atriz famosa qualquer, que nem fosse plus size. E tenho certeza, de que muito dessa visão que eu tenho das coisas, se dá ao fato de que eu nunca me escondi de mim mesma, independentemente do meu manequim. Já fui bem mais gordinha (bem mais!) e já estive com menos peso do que estou hoje, mas posso dizer para vocês, que estou tranquila e em paz comigo mesma. Sempre tive vários espelhos em casa, principalmente de corpo todo, e estando com mais ou menos peso, eu sempre me olhei por completo na frente deles, e sempre me reconheci e me amei, em cada imagem que vi. E aconselho à cada mulher, gorda ou magra, alta ou baixa, preta ou branca, que tenha espelhos de corpo inteiro e se olhe neles todos os dias! E quando se olharem, se vejam com olhos de amor próprio, de auto estima, de carinho e de cuidado, porque quando a gente mesma se ama, todas as coisas se tornam mais fáceis. Brinquem na frente do espelho, façam carão, façam poses e escolham seus melhores ângulos, pois tem sempre uma pose em que a gente fica mais bonita. Eu não tenho vergonha de quem eu sou, e espero que essa capa, sirva para fazer com que outras meninas e mulheres, possam alcançar a aceitação própria de forma tão profunda, à ponto de passarem a se importar muito pouco (de preferência, nada!), com a opinião alheia e com o que pensam e digam à seu respeito. E para fechar o post, uma fotinha minha fazendo pose na frente do espelho, porque eu não sou de ferro! Não saio com esse tipo de roupa na rua, até porque, meu estilo nem é esse, mas a intenção era colocar as “banhas pra jogo”, para mostrar para vocês que a gente pode até ser gordinha, mas tem que ser leve! Leve de alma, de coração e completamente leve de espírito!
Enfim, vamos viver felizes, cientes e conscientes de que somos senhores das nossa próprias escolhas, e dentre tantas escolhas possíveis, eu escolhi ser feliz, e você?
Até a próxima!
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