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Uma nova chance para o amor

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Olá, meninas,
Depois de dois anos, reencontrei com uma amiga de muito tempo na rua. Eu tinha acabado de sair da minha nutricionista e estava tomando um suco quando ela passou. Demorei a acreditar que seria ela, porque não era nem de longe, um reflexo da mulher bonita dos tempos de faculdade. Pensei em chamar, mas eu estava tão chocada diante da cena, que por alguns instantes, fiquei paralisada. Mas como ela mesma me olhou demoradamente, eu falei seu nome e ela logo veio falar comigo.  Da última vez que conversamos, ela estava tentando se livrar de um namorado agressivo e super ciumento, e eu a ouvi, aconselhei e apoiei, na esperança de que pudesse tomar a atitude certa. Na época, eu mesma tentava sair de uma relação com um cara que vivia me dando mais tristezas do que alegrias e cheguei a comentar com ela, na esperança de inspirá-la a fazer o mesmo. Nunca me relacionei com nenhum homem violento e com comportamento agressivo, mas existem outras formas de se sentir agredida num relacionamento. E de posse de todas essas informações, eu tracei minha estratégia e meu caminho.  Eu vivia terminando, mas eu acabava me deixando levar e voltava, como se isso fosse algo mais do que natural, pelo tanto que eu o amava.
Mas antes de amar qualquer pessoa, eu tenho que me amar, e uma pessoa se ama de verdade, quando sabe distinguir o que é bom e o que é mau para a sua vida. E assim, em nome desse grande amor que eu sinto por mim, finalmente consegui me libertar e seguir a minha vida. Hoje, mais do que qualquer outra coisa, me sinto plenamente livre de tudo que vivi, porque enquanto a gente sente raiva e fala com rancor, é sinal de que alguma coisa ainda existe, ainda que pequena. O sentimento realmente acaba, quando você passa a olhar o outro com indiferença. Pouco importa se está com fulana ou ciclana. Se saiu com uma ou duas mil mulheres num final de semana. Não faz mais a menor diferença. E outro fato importante, é quando a gente deseja que o outro esteja bem. Porque eu sei, que se ele encontrar alguém que o faça feliz, e esteja bem, nunca mais vai me ligar para falar em voltar, vai me esquecer para todo o sempre, como eu quero e desejo. Então, que ele seja feliz pra lá, e me deixe ser feliz do lado de cá, sem ele.
Mas essa amiga, fez o caminho inverso e deu mais uma oportunidade para a relação, já problemática, que vivia. E assim foi fazendo. Uma vez, duas, três, até se perder no tempo e viver de dar chances, oportunidades para um homem que visivelmente nunca vai mudar. Na realidade, não acredito que as pessoas mudem. Bom, deixa eu me explicar melhor. Não acredito que as pessoas mudem por nós! É isso! As pessoas podem mudar por si mesmas, por uma experiência pessoal profunda, seja ela espiritual, emocional, ou mesmo por terem sofrido algum baque, algum choque, enfim, por ter acontecido algo na vida que as faça mudar o conceito que tinham da vida e da forma de se relacionar com as pessoas.  Mas isso tem que vir de dentro pra fora. Tem que ser uma necessidade pessoal, única e intransferível. Portanto, não acredito que homem nenhum mude por mim.
O que ela não percebeu, foi que a armadilha na qual caiu, era fatal. As agressões passaram a ser frequentes, e ela já dividia o mesmo teto com ele. Com um filho,  fora do mercado de trabalho, e sem o apoio familiar, ficou ainda mais dependente dele. Nada que não possa ser resolvido, pois já vi problemas bem piores, mas pelo estado de destruição psicológica que ela se encontra, acho complicado fazer algo neste momento. Ela tentou me convencer que estava dando mais uma chance ao amor, voltando para ele e esperando uma mudança, mas que amor é esse que se alimenta da agressão? E que sentimento destrutivo é esse que faz uma mulher se rebaixar a aceitar esse tipo de relação? Como eu disse, as pessoas não mudam, e por isso, temos que traçar um perfil de quem queremos ao nosso lado. Se uma mulher deseja um homem atencioso e carinhoso, não espere que o agressivo, se torne desse jeito por estar ao lado dela, porque isso não vai acontecer.
Como somos um produto do meio, esse homem que hoje tem uma atitude agressiva, pode muito bem ter sido vítima na infância de um pai ausente, pode ter sofrido vários tipos de agressão física e psicológica. Pode ter sérios problemas de auto estima, e até mesmo sexuais, e por conta disso, desconta isso na agressividade. Por mais que lute contra isso, está sempre lutando contra ele mesmo, porque esse é o seu modo de ver a vida e se relacionar com ela, com agressão.  E estar ao lado de alguém assim, demandaria muito esforço em terapias e até mesmo ajuda médica, para controlar a energia que o direciona para o “lado negro”. Mas vamos combinar, que nem se tem certeza de que isso dará certo, e na maioria dos casos, não vale o investimento.
É bem mais fácil, encontrar alguém que tenha mais ou menos o nosso jeito e seja da nossa maneira. Não digo igual e fazendo tudo que gostamos, porque não existe homem assim. Falo de alguém que tenha os mesmos sonhos, ideais, que seja bom, autêntico, honesto, companheiro, trabalhador, compreensivo e que nos ame. Listei algumas coisas acima, mas elas são apenas algumas de uma lista que toda mulher tem no peito. E o fato de um homem ter todas essas qualidades, não significa que ele nunca vai nos decepcionar um dia. Porque de fato, todos nos decepcionam, até nós mesmas, por vezes nos decepcionamos quando fazemos algo que no íntimo não aprovamos ou permanecemos numa situação que gostaríamos de sair. Mas ainda assim, não nos abandonamos, e continuamos investindo em nós mesmas. Que seja assim então!
Não existem homens perfeitos, nem príncipes dando voltas por ai. O que existem são homens reais, cheios de qualidades e defeitos, assim como nós, e que também tem o desejo de ser feliz. Cada um do seu jeito e da sua maneira. O que temos que ver e ter a capacidade para avaliar, é aquilo que deixa de ser um defeito, para se tornar uma doença banhada à mau caratismo. E contra isso, não há amor que valha. Portanto, se alguma de vocês se encontra em uma situação em que tem vontade de se livrar de uma relação, mas não consegue, avalie cada um dos pontos acima e trace uma estratégia à curto ou no máximo, médio prazo, para fazê-lo. Não insista naquilo que não muda. Não invista em quem não merece e não se doe para quem não sabe sequer zelar por você.  
Terminar e voltar, muitas vezes é insistir no erro (salvo raras exceções). porque para ter a mulher de volta, o homem promete mundos e fundos, mas não consegue manter a postura de bonzinho por muito tempo, e volta à sua verdadeira essência. Então, retomar uma relação, muitas vezes é retomar os mesmos erros que fizeram com que ela se acabasse.  E justificar esse tipo de atitude dizendo que está dando uma nova chance para o amor, é no mínimo infantil e autodestrutivo, porque a verdadeira chance para o amor, nós damos quando conseguimos descobrir à tempo que uma relação não tem mais jeito. Quando nos fechamos para ela de forma definitiva, e nos abrimos para a vida, e para outras oportunidades, com pessoas bem mais sadias.
Pensem nisso.
Beijos