Confissões de sábado à noite e Amy Winehouse

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Olá, meninas,
Mais cedo assisti o documentário em homenagem à Amy Winehouse da MTV. E fiquei bem comovida com o que vi, e por isso, senti vontade de vir aqui escrever algumas coisas. Geralmente quando estamos de fora, estamos longe de saber o que se passa na cabeça dos artistas, e por isso, os documentários, com entrevistas e imagens de bastidores, são tão importantes. Fiquei impactada, por perceber em Amy, uma semelhança absurda comigo e com outras mulheres ao redor do mundo. E isso me fez pensar em muitas coisas.
Amy Winehouse cantava músicas tristes. Melodicamente perfeitas, com uma sonoridade impecável, mas fruto das suas tristezas e frustrações. Basicamente, no amor. Geralmente, após um relacionamento, ela se inspirava para compor músicas que contavam um pouco da sua dor, da sua desilusão e do seu sentimento de inadequação com o mundo à sua volta. Eram canções totalmente biográficas e repletas de simbolismos fantásticos que flertavam à todo momento com a tristeza que havia em sua alma.
Ela disse que o mundo precisa de mulheres impactantes, porque não se consegue encontrar muita gente que consiga impactar por aí. E de fato, é verdade. Vivemos num mundo de tanta superficialidade, onde tudo é tão descartável e substituível, que quando encontrarmos alguém que consiga no tocar de alguma forma, seja pela sua arte, ou pela sua personalidade ímpar, essa pessoa certamente merece destaque. Ela tinha um enorme medo de morrer sem que as pessoas soubessem do real valor do seu trabalho, como se soubesse no íntimo, que não iria muito além. Mas onde quer que esteja, Amy, fique certa de que seu talento está sendo mais do que reconhecido, e suas músicas e sua voz, se tornaram eternas.
Me lembrei de tantas coisas nesse sábado por conta desse documentário… Vieram à minha mente as lembranças de quem eu fui, e pelas coisas que passei. Não que eu tenha me envolvido com bebidas e drogas como Amy Winehouse, porque realmente nunca bebi ou fumei. Mas passei por algumas desilusões amorosas como todas as mulheres. Tive meus momentos de insegurança e de medo, e já estive com o meu coração partido e despedaçado. Também compus muitas canções (sim, eu componho e canto, para quem não sabe), assim como escrevi páginas e páginas de diários que relatavam tudo o que eu vivia. Também escrevi crônicas, poesias e muitos artigos que tratavam expunham os meus medos, tudo isso para mostrar que no fundo, nossos medos são universais.
Eu sempre fui muito bem articulada e falante, mas no fundo, isso sempre escondeu uma menina insegura. E nesse processo, eu me refugiei nos livros. Li muita coisa, sempre, todos os dias. Livros dos mais variados assuntos, e através deles, eu descobri um mundo novo, onde todas as possibilidades se abriam, e onde a minha mente poderia enfim, encontrar a paz para viver seus dias. Entendo um pouco de muitos assuntos, pois nunca tive preguiça de ler, de me informar, de pesquisar. E esse exercício da leitura, esse confronto com as palavras, conseguiu me dar a segurança para seguir fazendo o que eu sempre gostei: escrever.
De todas as coisas que eu faço na vida, de tantas coisas que amo e que adoro fazer, escrever é a que mais me completa. Quando escrevemos, um pedaço nosso se perpetua, porque as palavras tem vida e se propagam no tempo,  permanecem para as gerações futuras. Tenho certeza que um dia, quando eu nem estiver mais aqui, daqui a muitos anos, espero, vão encontrar as coisas que escrevi e vão me celebrar como gênio, dizendo que representei minha geração e tudo mais. Acho engraçado que sempre fazem isso quando encontram a obra de alguém que já se foi, De fato, não sei a quem representei ou a quem represento, mas sei que escrever é mesmo a melhor terapia para a minha alma, que vive sempre em contante movimento e inquietação.

Eu fui, sou e sempre serei esse ser inquieto. Necessito de coisas novas todos os dias, e por conta disso, sou uma atenta observadora da vida e das pessoas. Gosto de observar o modo como as coisas se desenrolam e acontecem, e todos os dias, mesmo que neguemos e digamos que nada de novo acontece, algo de especialmente novo e singular nos bate à porta. Não tenho paciência e nem vocação para a infelicidade. Eu tenho minhas tristezas como todo mundo, mas as metabolizo de forma a se tornarem algo produtivo. Costumo dizer que todos os dias, uma parte de mim morre, para que eu completa, possa ressuscitar no dia seguinte. Por conta do meu posicionamento quanto ao sofrimento, alguns me julgam insensível ao sofrimento alheio, mas não sou…
O que não concordo, é quando vejo gente que se faz de coitadinho e lamenta da vida à todo momento. A vida é bela, meus amigos, mas tem suas tristezas. E se fornos nos focar nelas, não teremos tempo para fazer mais nada de bom. Hoje, percebemos uma geração educada por pais que lhes concedem tudo, por medo de que sejam frustrados. Como se todos os SIM dos pais, conseguissem impedir os NÃO que a vida lhes reserva no futuro. Sinceramente, tenho muita pena de quem é criado assim, pois sem dúvida, vai sucumbir diante de um mundo cheio de negativas e não saberá conviver com a realidade de não ter e de não ser tudo que esperava. Também tenho pena dos pais, porque perceberão tardiamente, que ao invés de ajudar seus filhos,  desencadearam uma sequência de dor e sofrimento.
A idéia que muitos tem de felicidade, é tão fantasiosa como um filme da Disney. As pessoas querem ser felizes no trabalho, alcançando os melhores cargos e salários, querem ter casamentos perfeitos, filhos saudáveis e bem sucedidos, querem ter muita saúde, permanecerem bonitos e jovens por muito tempo, querem ser influentes, respeitados e ainda querem ser famosos. Não existe essa vida em que tudo dá certo. Na vida, uma coisa se opõe à outra, criando por vezes muitos conflitos. A mulher que ocupa um cargo de chefia numa grande companhia, é aquela que pouco tempo tem para acompanhar a educação dos filhos. Aquela que fica em casa cuidando dos filhos, almeja voltar ao mercado de trabalho. O marido que deseja que a esposa trabalhe para ajudá-lo, é o mesmo que reclama, quando ela passa a ter menos tempo para ele. A tão desejada gravidez, põe fim à expectativa do corpo perfeito. Eu poderia citar muito mais exemplos, mas creio que já deu para explicar.
Por mais organizados e programados que sejamos, a vida vem e desorganiza tudo! Põe tudo à prova e nos coloca por vezes, em momentos de confronto com nossos sentimentos mais primitivos, dentre eles, o medo. O mesmo medo que fez Amy Winehouse ir se afogando nos vícios. A impossibilidade de conviver com o fato de ser uma estrela.  E estrelas tem que estar sempre bem! Mesmo com o coração destruído, tem que subir no palco e cantar. Tem que viajar vários quilômetros e vencer o cansaço para realizar suas turnês, podem ter saudades de casa e do aconchego do lar, mas tem que abraçar a estrada. Tem que ter sempre um sorriso para oferecer ao fã que chega,  desejando um autógrafo ou uma foto. E tem que conviver com a sua constante exposição na mídia.
Enfim, Amy Winehouse era um pouco de mim e de vocês, e todas nós, somos um pouco dela. Porque levamos conosco as mesmas dores e decepções, afinal, qual mulher não teve o coração partido? Mas ao contrário dela, que disse que seu cabelo foi ficando maior à medida que se sentia mais insegura, o meu foi aumentando quando me tornei mais firme e segura de quem eu era. Sei o quanto a vida em sociedade é necessária, mas não dou importância ao que pensam de mim e nem vivo tentando me justificar. Definitivamente, não vivo dependente da aprovação alheia, porque se assim fosse, estaria mergulhada num poço sem fim. Porque tem sempre muitos que apoiam, e outros que são totalmente contra o modo que somos e fazemos as coisas, sendo assim, o mais importante é cada um estar em paz consigo mesmo.  Procuro ser sensata e correta, e deixo que cada um busque seu juízo de valor. E de preferência, que nem me comunique. 
Se existe algo pelo qual realmente me orgulhe de mim, é o fato de ter conseguido deixar lá atrás, as inseguranças que fatalmente arruinariam a minha vida se eu as trouxesse junto comigo. Ficou tudo lá atrás e sem possibilidade de volta, porque elas estão mortas. E eu me redimi primeiro com as palavras, lendo e escrevendo a minha história, de forma discreta e sem holofote algum e depois de redimida e finalmente livre, fui me mudando por fora, conforme foi da minha vontade e desejo. E hoje, eu posso fazer tudo, qualquer coisa! Usar uma cor de esmaltes mais chamativa, uma make mais dramática e marcante, estar em cima de saltos bem altos, e ter o tipo de cabelo que eu quiser!  Sabem por que? Porque quem eu sou, está acima e bem além disso!
A moda que abraçamos e o estilo que usamos, refletem muitas vezes o que estamos sentindo, e a fase pela qual estamos passando. É por isso que eu vejo a moda com importância, e não somente a observo pelo consumismo desenfreado e pelas questões econômicas, de sustentabilidade ou mesmo olho pelo lado do politicamente correto.  E sei que nos olhos de Amy Winehouse, havia muita coisa oculta por trás daquele delineado forte que ela carregava. E de fato, existe muito de nós em tudo que falamos, fazemos e no modo como conseguimos nos expressar, sejam essas expressões na vida cotidiana ou na arte. Porque de fato, esses são reflexos da nossa personalidade.
Imagino que muito poucas terão paciência para ler esse texto gigante, mas como sabem, o próprio exercício da escrita me faz bem, embora, saber que ele foi lido me trará muito prazer. Sendo assim, quero que saibam que seja qual for o problema, que não estão sozinhas em sua dor. Todas as pessoas sofrem e são desafiadas todos os dias. A única diferença, é que alguns se entregam e outros lutam. E não pensem que a luta é de um dia só, porque se assim fosse, seria fácil demais. É a luta de sempre, até o final das nossas vidas. Então vamos sorrir e viver cada minuto, tentando dar o melhor de nós e deixar nossa marca como seres humanos especiais e realmente impactantes. O mundo precisa disso!
Onde quer que esteja, Amy, espero que finalmente esteja feliz…
9 Responses
  • S. Quimas
    agosto 9, 2011

    Juh,
    brilhante o seu texto sobre a Ammy.
    "Definitivamente, não vivo dependente da aprovação alheia, porque se assim fosse, estaria mergulhada num poço sem fim. Porque tem sempre muitos que apoiam, e outros que são totalmente contra o modo que somos e fazemos as coisas, sendo assim, o mais importante é cada um estar em paz consigo mesmo."
    Possa ser que o preço dessa independência às vezes seja-nos bastante oneroso, mas por ela estou dando mais do que tudo a minha própria vida.
    Beijo grande do vosso fã.
    S. Quimas
    (Homens também apreciam coisas bem realizadas, daí a admiração crescente que tenho pelo seu trabalho. Parabéns! Sucesso. Luz e muita paz em todos os teus caminhos.)

  • Michelle
    agosto 9, 2011

    Muito lindo o texto, resumi o que muitas vezes nos sentimos
    Eu muitas vezes me senti um lixo incapaz de conseguir alguma coisa em minha vida,vive um relacionamento por 3 anos com um homem super violento ,muitas vezes ñ me achava capaz de me
    sustentar e criar um filho sozinha
    Mas hoje provei a mim mesma e a muita gente que me achava incapaz disso.E consegui me livrar de todas as coisas ruins inclusive do meu marido
    Graças a Deus

  • NATY
    agosto 8, 2011

    ARRASOU ADOREI O QUE VC ESCREVEU!

  • blogbelasmulheres
    agosto 8, 2011

    Oi Juh,mas uma vez parabéns pelo belo post.
    Agora sei porque você escreve tão bem,porque você gosta de ler e isso ajuda na escrita.
    Assim como a Amy e você,ja sofri desilusões na vida em que achei que meu coração iria ficar despedaçado para sempre,mas como você mesma disse: alguns pessoas se entregam e outras lutam.Eu lutei e venci,graças a Deus.

    E sei que hoje sou mais feliz e forte em meio as coisas ruins que tentam me atingir.

  • Marcia L.Nazario Constant
    agosto 7, 2011

    Oi,Juh!

    Adorei o teu texto e me emocionei muito, não por ser fã da Amy,mas sim pelo que tu escreveste…
    Tu tens uma coisa tão especial ao escrever que é decifrar e colocar á tona os sentimentos mais íntimos nossos…
    Esses sentimentos que partilhamos,pois no fundo no fundo nós mulheres somos bem parecidas sim com nossos medos,desilões ,lutas,anseios…
    E ir á luta e ser feliz é o nosso maior desejo,desejo de um mundo melhor,de pessoas melhores…de sermos mães de filhos preparados para o mundo.
    Enfim toda vez que venho aqui,sempreee reforço tudo aquilo que quero e preciso ser!
    E,obrigada Juh tu sempre dá uma sacudida em tudo o que é preciso ser reforçado diariamente!
    Beijos! 🙂

    Ah Juh,sempre leio teus posts e semana passada tbém adorei o post da Suzy Rêgo e do Movimento GG,só que quando fui comentar o Blogger tava fora do ar e não consegui postar o comentário!
    Hoje ainda bem que deu 🙂

  • Pollyanna
    agosto 7, 2011

    Nem preciso dizer que chorei. Já tinha comentado no outro post que era e ainda sou fã da Amy e suas palavras que tocaram… Não só como fã, mas como mulher, como ser humano. Tantos dos nossos pequenos gestos passam batidos, despercebidos pelas pessoas e às vezes tudo o que precisamos é de um minuto de atenção para dizer "Ei, eu estou aqui." Nada me faz mais feliz que poder ver expressões de amor, atenção e compreensão em pequenos gestos, mínimas atitudes. Acredito que se houvesse um pouquinho mais que fosse dessas coisas no mundo, tudo seria diferente. As pessoas seriam mais felizes. Mas, enquanto isso ainda me parece um desejo um tanto utópico, fico aqui, jogando as tristezas e decepções nas costas, fingindo que elas não estão ali, estampando um sorriso no rosto e deixando o curso da vida seguir. Sei que no fim estarei feliz comigo mesma e isso é o mais importante.

  • Tati Modelski
    agosto 7, 2011

    Tive paciência sim, de ler seu texto todo 😀
    Adoreeii!!!
    A vida não é fácil, e quando estamos por baixo é qua as pessoas aproveitam para pisar mais ainda, na mídia existem e ja passaram vários casos assim, como quando a Britney pirou, ou com a morte de Michael Jackson por ex, as pessoas ao invéz de entender as dores, só faziam críticas, e não é só com pessoas famosas que isto acontece, para ser alvo disto basta ser mortal!!
    Quando sentimos dor, temos que ser fortes "ao cubo" para superar, pois já não bastasse nosso sofrimento, ainda tem muita gente para "por o dedo em nossas feridas".
    Amei seu texto!!
    Bjim

  • thais
    agosto 7, 2011

    Que lindo o post amei ,mas pura a verdade,estou tbm deixando meus medos pra trás,é muito bom!E li seu posto todinho ,foi emcionante,vc tem o poder de tocar com as palavras e sensibilidade que poucos tem!Bjuss e fica com Deus!Saudade!

  • BellasUnhaseCia
    agosto 7, 2011

    Bom dia Juh!!
    Também não tenho paciência e nem vocação para a infelicidade…
    ADOREI o post, li tudo e amei cada palavra…
    Sou sua fã!!
    Lindo dia para você!!!
    bjksss

    http://bellasunhasecia.blogspot.com

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