Já comentei aqui diversas vezes, que fui criada numa casa com um quintal imenso e com muito verde. A área externa era de vital importância para nós e muito da nossa vida se passava exatamente nela.  Havia uma mesa enorme do lado de fora, numa espécie de varanda onde costumávamos receber as pessoas, e fazer nossas refeições. Ali também, eu estudava com colegas na época de provas, fazia os trabalhos em grupo da escola, também brincava de damas, de palitinho, de forca, banco imobiliário, enfim, era um espaço que se multiplicava em mil. Lembro-me bem, que meu pai plantou um pé de maracujá que cresceu tanto, que a planta cobriu as telhas da tal varanda, e víamos os maracujás pendurados como se fossem bolas de natal, por todos os lados. Quando maduros, era mais do que comum colhê-los e fazer um suco na hora para quem estivesse presente. Nossa casa era assim, cheia de gente entrando e saindo sempre. Amigos da igreja e alguns vizinhos que sempre passavam para dizer um oi e saber como estavam as coisas. Era um outro tempo, onde havia mais amizade e sinceridade nas pessoas, onde não haviam as redes sociais e todo e qualquer contato, era feito basicamente pessoalmente. Pouca gente tinha telefone, porque era algo caro demais desta forma, longe da vida virtual, as crianças eram acostumadas desde cedo, a interagir com as pessoas, respeitando os mais velhos, sendo obedientes aos pais, tirando boas notas na escola… Acho que estou ficando mesmo velha, porque são tempos tão diferentes dos atuais, que as vezes custo a acreditar no modo como as coisas acontecem hoje em dia. De todas as coisas que me fazem falta, embora hoje more numa casa grande e confortável, é ter um espaço desses de novo. Parece que vamos construindo por todos os lados, criando muros e paredes em tantos lugares, que quando nos damos conta, estamos rodeados de pedra e cimento e o verde se foi sem possibilidade de volta.

Onde eu moro hoje também pouco bate sol, e como eu sinto falta do sol! Lembro-me que pegava sol nos primeiros raios da manhã na escola ou no quintal de casa. Lembro-me também de ler os jornais e as revistas da semana ao ar livre, vendo os animais brincando no quintal, e vendo a vida passar devagar. Lembro-me dos domingos alegres após a vinda da escola dominical, onde o almoço era longo e as conversas eram demoradas. Da mesma forma que me lembro de ficar conversando até tarde sobre os mistérios do universo, contando as estrelas e procurando cometas. Hoje, pouco se vê de estrelas, porque as luzes fortes não nos permitem mais isso, e o sol passou a ser vilão, em tempos em que o protetor solar é mais do que necessário. Tenho muitas certezas dentro de mim, e uma delas é de que vou conseguir ter uma casa assim, com bastante espaço e com cantos e recantos, onde eu possa ver o dia passar e a noite chegar, sem fazer muita força. Quero uma varanda grande e tenho certeza de que a decorarei com muito carinho. Com o tempo, tenho ficado mais voltada para a minha casa, e isso tem aumentado muito nos últimos tempos. Gosto de ver gente, de ir ao shopping, de passeios ao ar livre, de ir à eventos, shows, ao teatro, cinema, enfim, gosto de interagir com as pessoas, mas dou muito valor à minha quietude. Gosto do sossego a minha casa, gosto de estar somente com minha família, e gosto até, quando estou sozinha. Até porque eu sei, que por mais longe que eu vá, é para minha casa que sempre vou voltar, então, é ela que tem que ser aconchegante e acolhedora. É nela que tenho que me sentir bem, viver em paz. E é nela que a me recomponho para recomeçar tudo uma outra vez. Quero cada vez mais ter espaço para meus livros, cds e plantas. Quero espaço especial para lembranças de um tempo passado que não volta mais. Quero espaço para novos planos e para sonhos super humanos, que eu ainda guardo no peito, na expectativa de um dia os realizar.   Além de aproveitar deste lugar com minha família, farei questão de receber meus amigos, e de preparar refeições deliciosas para serem compartilhadas em meio ao verde e à luminosidade. Farei questão de ver e falar com essa gente de verdade, bem longe da tela do computador ou das malditas redes sociais. É claro que será um lugar seleto, onde somente pessoas especiais vão ter acesso e poderão entrar. As imagens acima, são de varandas e espaços externos que foram decorados cuidadosamente e por isso, se tornaram uma extensão da casa muito especial. Algumas, em espaços improváveis em apartamentos, mostrando que em alguns momentos, o que mais conta nem é o espaço em si, mas a criatividade e o desejo de fazer com que exista um lugar especial, para plantar e colher novos sonhos.

Beijos