Por que a moda não enxerga os negros?

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Quem está do lado de fora da situação, talvez diga que eu estou de mi mi mi. Mas gostaria de deixar registrado o meu desejo de ver os negros inseridos da forma que merecem, no mercado da moda e da beleza. E mesmo no chamado segmento plus size que deveria ser um elo de luta e resistência contra o preconceito, acaba se fechando muitas vezes dentro de um mundinho onde só as modelos de pele mais clara conseguem estar em evidência. São raras as lojas que utilizam modelos negras em seus catálogos, editoriais e desfiles, e isso é algo muito sério, se considerarmos que a população negra no Brasil está em torno de 54%. O que está acontecendo que nos tornamos invisíveis, o que temos que fazer para nos enxergarem como parte disso tudo? Por mais que eu me questione, não encontro respostas, aliás, o que a gente que é negro recebe como resposta, é que isso é coisa da cabeça da gente. Ao mesmo tempo que aqui no Brasil as coisas estão num nível de complicação extrema, no exterior vemos modelos negras belíssimas fazendo sucesso. E a coisa não é encarada como um favor, como uma participação por cotas, porque existe uma obrigatoriedade, nada disso. Em várias partes do mundo, modelos negras são vistas como quaisquer outras modelos e são valorizadas e remuneradas da mesma forma. 

Também questiono a qualidade do trabalho visual apresentado aqui no Brasil, pois grande parte dos maquiadores não sabe maquiar a pele negra corretamente, e muitos fotógrafos dizem ter dificuldade em fotografar pessoas negras. Sinto falta de ver ensaios glamourosos e super femininos como essas imagens abaixo, que são da Lany Bryant, uma loja internacional de moda feminina plus size, que sempre arrebenta. Eu acho essa modelo linda, acho as roupas da loja maravilhosas e a proposta desse editorial é fantástica e faz muito o meu estilo, por isso ilustrei essa postagem com essas imagens belíssimas. Enfim, acho que falta um verdadeiro comprometimento das indústrias da moda e beleza com a população negra, que apesar de viver esquecida e negligenciada, continua consumindo seus produtos cada vez mais, e hoje representa uma fatia polpuda do mercado. Pelo que tenho percebido, as coisas tem “até” caminhado, mas à passos tão tímidos, que quase não vemos evolução alguma. Está mais do que na hora de darmos um start nessa situação, porque precisamos, temos a necessidade, de nos vermos representadas nas modelos que estampam os catálogos e sites das lojas em que compramos. E espero sinceramente, que o segmento plus size comece a rever seus conceitos e enxergue as várias negras que tem potencial para serem modelos, porque eu mesma conheço várias. 
Espero que as coisas mudem o quanto antes, mas enquanto não mudam, vou fazendo a minha parte lutando sempre para que o preconceito não consiga vencer e nem se fortalecer, nunca! Sem vitimismo algum, apenas ciente e consciente do nosso papel dentro da sociedade.
Até a próxima!

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