30 anos sem Elis Regina

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Estou neste momento assistindo ao programa do Jô e tendo a alegria de assistir Maria Rita cantando músicas de mãe, Elis Regina. Não há como negar a tamanha semelhança entre as duas, tanto fisicamente, como no potencial vocal. E é impressionante como Elis, mesmo depois de 30 anos de morta, continua cada vez mais viva e tão presente. Olhando pelo ponto de vista de Maria Rita, ouvindo-a falar da dificuldade que teve em lidar com as cobranças que sempre foram lançadas sobre ela por ser filha de Elis, a gente entende o porquê dela ter esperado tanto tempo para finalmente cantar as músicas do repertório da mãe. Ela queria construir a sua própria identidade, e viver uma vida, onde ela pudesse ser uma pessoa “comum” e que conquista as coisas por si só, por seu próprio talento e habilidade. Hoje, já sem a necessidade de provar nada para ninguém e nem para si mesma, ela pode finalmente se lançar nesse universo de Elis sem medo e sem o receio das cobranças. E é como ver Elis revivendo 30 anos depois, através de uma voz límpida e trabalhada, que se aprimorou com uma técnica refinada. Mas vale lembrar que Elis era mesmo uma showoman, que mais do que apenas cantar ( coisa que já fazia muitíssimo bem)  trouxe o verdadeiro conceito de espetáculo, de show, pois ao subir no palco protagonizava momentos de entrega e de envolvimento verdadeiro com sua platéia. Elis era visceral, autêntica e tinha uma voz que era bem maior do que ela mesma, que com sua baixa estatura, conseguia se fazer imensa e gigantesca. Meio envergonhada, meio serelepe, meio menina, meio moleque, Elis soube como ninguém, imortalizar músicas que até hoje, fazem parte das nossas vidas. Ou existe alguém que consiga esquecer Fascinação, Maria, Maria, Alô, alô, marciano, Águas de março, Como nossos pais, Madalena, dentre tantas outras que permanecem sempre vivas na nossa memória?

Hoje em dia, todo mundo se diz cantor e cantora, está tudo tão banalizado, que quando se ouve uma música na voz de Elis Regina, parece que novamente as coisas parecem fazer sentido, pois a própria imagem dela, no palco, ainda que calada, simbolizava um momento perfeito e mágico,  onde a  poesia simplesmente encontrava lugar para habitar entre os mortais de maneira plena. Não quero me ater às causas da sua morte, mas no quanto se perdeu com a sua partida. Percebo que seus filhos, por mais que tentem mostrar que conseguiram lidar bem com o desaparecimento da mãe, apenas sobrevivem à essa lacuna, à esse rombo deixado pela perda da mãe amorosa, que sempre se mostrou tão dedicada aos seus filhos. Para eles aliás, eu imagino que tenha sido ainda mais difícil e mais traumático, pois a força da Elis cantora, sempre esteve presente e viva, mesmo quando a imagem da mãe, aos poucos se dissipava nas lembranças dos filhos que se separaram dela ainda na infância. Eles perderam o referencial muito cedo, e Maria Rita, principalmente, pouco se recorda dos momentos que viveu ao lado da mãe, por ser ainda tão novinha, quando da sua partida. Mas a despeito de tudo, Elis e sua prole estão aí, nos lembrando que a música sempre permanece e de uma forma ou de outra, a arte de Elis se perpetua. Seja nas inúmeras homenagens que estão acontecendo para ela, no lançamento de coleções contendo imagens e sons da cantora cantando inclusive fora do Brasil, ou mesmo nos olhos saudosos de todos nós, que ainda lamentamos a sua falta, mas sorrimos quando novamente a ouvimos cantar, através de sons guardados no tempo, ou através do lábios de Maria Rita.   Gostaria de compartilhar com vocês alguns momentos de Elis, nesse vídeo que traz várias imagens e ao fundo a música Maria, Maria, que tem tudo a ver com quem ela era uma mulher forte e  inesquecível.

Maria, Maria
Elis Regina
Composição: (m.nascimento/f. Brant)
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia,
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

E viva, Elis!

Beijos

2 Responses
  • Anônimo Carente!
    julho 23, 2012

    Nossa, ela é maravilhosa eu sou muito muito muito fã dela, é realmente um privilégio poder ouvir suas canções e ainda hoje não existe um cantor ou cantora que me deixa tão emocionado quanto Elis e de fato.. "é impressionante como Elis, mesmo depois de 30 anos de morta, continua cada vez mais viva e tão presente."

  • Toninha Ferreira
    junho 15, 2012

    Deixou saudades…
    Uma pena pela forma que morreu…

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