Ontem tivermos a oportunidade de entrevistar a querida Lucinha Araújo, mãe do nosso inesquecível Cazuza para a série de documentários do Projeto Histórias Cariocas Etc. Eu já conhecia a história de luta da Lucinha e a forma como ela vem conduzindo com maestria por 25 anos a Sociedade Viva Cazuza, mas estar ali, diante dela, me deixou muito emocionada, e certamente me fez refletir (e muito!) sobre a vida. Para começo de conversa, ela sofreu a pior dor que uma mãe pode experimentar nessa vida, a perda de um filho. Aliás, seu único filho. Ela poderia muito bem ter se deprimido, ido morar em outro país ou algo do gênero, mas ela viajou para dentro de si mesma, e encontrou forças para ajudar outras pessoas vítimas da doença que havia vitimado Cazuza, a AIDS. Conhecer da história, é completamente diferente de estar diante dela, pois Lucinha passa uma ternura, um amor e um carinho imenso por tudo o que faz, e tenho certeza que desconhece a sua imensa importância dentro da sociedade como um todo, pois à todo momento, se diz uma mulher comum, que não faz nada demais. A voz mansa e doce, ao mesmo tempo que fala da tristeza de ter perdido o filho e o marido, João Araújo (há pouco mais de um ano), também conta histórias divertidas da vida e sempre encontra uma oportunidade de sorrir e nos fazer sentir à vontade ao seu lado. Companhia boa, conversa gostosa, gente do bem, essa é Lucinha Araújo, que conseguiu transformar a sua dor em luta, todas as suas provações em superação e todos os dias recebe a vida com um largo e majestoso sorrido. Prestes à completar 79 anos, parece uma menina, pois se envolve, cria, trabalha e se inspira, vivendo cada dia na sua total intensidade, como se não houvesse amanhã. Cheia de vida, nos deixou uma lição que foi rapidamente aprendida: a gente pode até sofrer, mas desistir, jamais!
É claro que a ONG tem vários colaboradores e uma voluntária mais do que especial, Tia Clarinha, irmã de Lucinha, que cuidadosamente separou, catalogou e expôs, todo o acervo do Cazuza. Os itens vão desde as suas aparições na mídia (dos tempos de sucesso até os dias atuais), até itens pessoais, como utensílios, acessórios, roupas, fotos, mobiliário, livros, discos e prêmios. Ela também cuida de um bazar que vende camisetas e bandanas com frases de impacto, retiradas das músicas do sobrinho. Meiga e muito carinhosa, Tia Clarinha mostra um cuidado excepcional com tudo relacionado ao Cazuza, e mantém esse espaço aberto ao público para visitação, numa exposição permanente, que merece ser vista de perto. Para grupos maiores e escolas, existe um pequeno auditório onde vídeos institucionais são mostrados, e pode-se conhecer e saber ainda mais, à respeito desse eterno poeta que nos deixou tão cedo. Aproveito para convidar vocês à visitarem o site da Sociedade Viva Cazuza e a segui-los nas suas redes sociais. E em breve, estará no ar o vídeo com a entrevista.
O que você achou da matéria?